Diário de Mercado na 5ª feira, 16.12.2016
Medidas microeconômicas ofuscam apreensão com Fomc e trazem dia de alento ao mercado.
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
Rafael Reis, CNPI-P
O Ibovespa findou a sessão desta 5ª feira aos 58.396 pts (+0,32%), acumulando -5,67% no mês, +34,71% no ano e 30,14% em 12 meses.
O Índice amanheceu, ainda que em campo negativo, com comportamento menos traumático do que se imaginaria após uma véspera que contou não apenas com uma elevação de juros nos EUA, mas com uma projeção mais contracionista por parte do Banco central norte-americano.
Já no início da tarde a dissipação de temores adicionais foi ofuscada pelo andamento, domesticamente, de um pacote de medidas microeconômicas, anunciadas pelo governo ao final da tarde.
Este inclui uma série de mudanças - ainda que muitas em estágio embrionário – que denotam a resiliência do governo na entrega de propostas visando à retomada econômica.
Com isso, o Ibovespa, puxado pelo setor siderúrgico, conseguiu desvencilhar-se do clima tenso gerado pelo Fed e operou no verde. O preliminar giro financeiro da Bovespa foi de R$ 11,72 bilhões, sendo R$ 11,47 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No último dado disponível, em 13 de dezembro, a bolsa brasileira registrou entrada líquida de capital externo de R$ 130,8 milhões, acumulando saldo negativo no mês em R$ 288,6 milhões, mas, com ingresso de R$ 14,70 bilhões no ano.
Vale lembrar que na segunda-feira próxima ocorrerá o último exercício de opções sobre ações do ano, sendo que amanhã ocorre a zeragem das posições, o que geralmente traz alguma volatilidade, em especial para as ações da Petrobras e Vale, os principais protagonistas deste mercado.
Agenda Economica
Na agenda econômica (pg.3 do anexo), domesticamente, o IBC-Br (Bacen) mediu uma retração de 0,48% na atividade econômica em outubro, relativa a setembro, na série ajustada sazonalmente.
Embora ligeiramente melhor do que o esperado pela mediana das projeções do mercado (-0,60%), o dado de setembro foi revisado de +0,15% para - 0,08%, reforçando que o viés menos otimista dos agentes para com a retomada econômica tem se mostrado acertado. No comparativo ano contra ano a retração foi de 5,28%, com o dado do mês passado sendo revisto de -3,67% para -3,44%.
Corroborando a idéia de esfriamento do mercado, o índice de confiança do consumidor medido pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) retraiu-se em dezembro de 103,2 para 100,3, pelo segundo mês consecutivo, e ao menor patamar desde abril deste ano.
Também por aqui, a inflação medida pelo IGP-10 (FGV) de dezembro apresentou avanço se 0,17%, abaixo do que esperava o mercado (0,20%) mas acelerando ante o mesmo período do mês anterior (0,06%).
Externamente, no Reino Unido, o BOE (Bank of England) manteve inalterada a política de juros, com taxa em 0,25% a.a. e alvo de compra de ativos em 435 bilhões de libras.
Já nos EUA, a inflação ao consumidor (CPI – Consumer Price Index) variou +0,2% em novembro tanto no indicador cheio quanto em seu núcleo (que exclui alimentos e energia). No comparativo novembro 2016/2015 o indicador cheio oscilou 1,7% enquanto o núcleo mostrou +2,1%.
Vale lembrar que o CPI não é o índice de inflação tradicionalmente utilizado pelo Fed para suas definições de política monetária, ficando a este cargo o PCE
(Personal Consumption Expenditure).
Juros
No mercado de juros, após os contratos longos dispararem na abertura, um abrandamento do movimento foi observado ao longo do dia com um viés de melhora instaurado por movimentos em torno de medidas microeconômicas em trâmite pelo governo.
Além disso a atenuação foi favorecida por uma melhora do humor dos investidores, propiciando uma ligeira elevação do apetite por risco ao longo da sessão.
Câmbio
No mercado de câmbio, o dólar comercial (interbancário) fechou cotado a R$ 3,3700 (+0,24%), acumulando agora -0,53% no mês, -14,92% no ano e -13,10% em 12 meses.
A moeda norte-americana mostrou comportamento análogo ao dos juros, com uma abertura mais traumática, e contenção dos ânimos ao longo da sessão.
Ao término do dia o Real recuperou-se na esteira de movimentos no campo de medidas governamentais, e findou o dia, embora com queda, com uma das melhores performances perante o dólar entre pares de mercados emergentes.
O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) fechou em 295 pts, ante 293 pts da véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 15.12.2016, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, Rafael Reis, CNPI-P, ambos do BB Investimentos
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